quinta-feira, julho 05, 2012

O quantum da amizade

Enquanto no Brasil e em alguns dos mais conservadores estados norte-americanos ainda se tenta, pelas mais rebuscadas vias, manter vigente a teoria criacionista nos currículos educativos, segundo o qual Deus criou o homem, e já os cientistas do CERN estreitam, e praticamente anulam, a margem deixada à criação divina no que a toda a matéria respeita.
O bosão de Higgs arrisca-se a explicar a aparecimento primordial de toda a matéria, remetendo todos os deuses de todas as congregações para que se circunscrevam aos intangíveis temas do universo, abandonando quaisquer créditos por materiais criações. A partícula de Deus é, por isso mesmo, uma designação infeliz. Trata-se, isso sim, de mais uma das pequenas peças com que a rigorosa Ciência e os palpáveis cientistas vão construindo as explicações para o nosso mundo, montando e somando pequenos quantuns de forças que nos aglomeram neste Universo, diferenciando-nos do vazio.
Mais do que idílicos jardins, de tentadora fruta, desnudos habitantes e “efeminantes” costeletas, será na procura dum quantum da amizade que qualquer Igreja deveria recentrar os seus esforços e assentar as peças fundamentais para também construir uma sólida teoria ou, se preferirem, uma sustentada fé.